segunda-feira, 30 de abril de 2012

Maria, Mãe do Puro Amor

 
 Fernando Dalvi Norbim - Luciano Dalvi Norbim

Consagração à Maria

Ó Minha Senhora e também minha mãe,
 eu me ofereço inteiramente todo a vós,
e em prova da minha devoção
Eu hoje, vos dou o meu coração.
Consagro a Vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca,
Tudo o que sou desejo que a vós pertença
Incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me
 como coisa e propriedade vossa, Amém.

Ave Maria

A Ave-Maria é a saudação angélica que concretiza em Maria a eleição divina
do majestoso chamado para ser a Mãe de Jesus Cristo, o Redentor. Maria é a
Mãe do Puro Amor. Antes de ser enaltecida por Deus através do anjo Gabriel,
Maria, já glorificava a Deus pelo seu testemunho de vida humilde, simples,
virginal e pela sua natureza Imaculada, da qual nem o pecado original a atingiu.
A pureza e a perfeição de Maria é aplaudida pelo céu diante da doce voz do
anjo Gabriel que  diz:  “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de
Deus.”(Lucas 1, 30).


São Tomás de Aquino nos ensina que: ―Na antiguidade, a aparição dos Anjos
aos homens era um acontecimento de grande importância e os homens
sentiam-se exatamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos
Anjos. A Sagrada Escritura louva Abraão por ter dado hospitalidade aos Anjos
e por tê-los reverenciado. Mas um anjo se inclinar diante de uma criatura
humana, nunca se tinha ouvido dizer antes que o Anjo tivesse saudado à
Santíssima Virgem, reverenciando-a e dizendo: Ave.‖

Maria recebeu a boa-nova do anjo São Gabriel e respondeu prontamente: “Eis
aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1, 38).
Este sim de Maria foi uma consolação para o anjo Gabriel, pois, ele, antes de
visitá-la, já tinha sido recebido com incredulidade por Zacarias. Assim, o
momento do sim de Maria para o anjo Gabriel foi um momento de consolação
que Deus lhe concedeu por virtude da Bem-Aventurada Maria. Esta alegria e
consolação de São Gabriel também é compartilhada em outro momento pela
sua prima Isabel que assim manifestou a sua alegria: “Bem-aventurada és tu
que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram
ditas!”(Lc 1, 45). Que sim maravilhoso e consolador! Maria é sempre amável e
humilde. Maria é o consolo dos anjos, dos santos e do seu Amado Filho Jesus.
                                                         
1 Fonte: Pai Nosso e Ave Maria - Sermões de Santo Tomás de Aquino. Editora Permanência, Rio de Janeiro, 2003

A Ave-Maria do anjo Gabriel trouxe a certeza à Maria de receber a plenitude da
graça em seu ventre, o próprio Jesus. Assim, também quando rezamos a AveMaria recebemos a plenitude do amor em nosso coração, o Seu Amado Filho
Jesus.

São Luís Maria Grignion de Montfort ensina que: ―A Ave-Maria é um orvalho
celeste e divino que, caindo na alma de um predestinado, lhe comunica
admirável fecundidade para produzir toda espécie de virtudes. Quanto mais a
alma é orvalhada por essa oração, mais ela se torna lúcida no espírito, ardente
no coração e fortificada contra todos os seus inimigos.‖

E continua: ―A Ave-Maria é uma flecha penetrante e ardente. Quando um
pregador a une à palavra de Deus que anuncia, dá a essa palavra força para
atravessar, tocar e converter os mais endurecidos corações, ainda que ele não
possua talento natural para a pregação.‖
A oração da Ave-Maria é tão poderosa que a primeira vez que foi dita pelo anjo
Gabriel abriu caminho para que toda a humanidade fosse salva pelo sim de
Maria. São Luís Grignion de Montfort nos ensina: ―Pela saudação Angélica,
Deus Se fez homem, uma Virgem de tornou Mãe de Deus, as almas dos justos
foram livradas do limbo, as ruínas do céu foram reparadas e os tronos vazios
foram preenchidos, o pecado foi perdoado, a graça nos foi dada, os doentes
foram curados, os mortos ressuscitados, os exilados chamados de volta, a
Santíssima Trindade foi aplacada, e os homens obtiveram a vida eterna.‖

E continua: ―Toda honra que prestamos a Nossa Senhora reverte a Deus como
Causa de todas as suas perfeições e virtudes. Deus Pai é glorificado quando
honramos a mais perfeita de suas criaturas. Deus Filho é glorificado porque
louvamos sua puríssima Mãe. O Espírito Santo é glorificado porque admiramos
as graças com as quais Ele cumulou sua Esposa.‖
                                                         
2 Montfort. São Luís Maria. “O Segredo de Maria e o Método de rezar o Rosário. Editora Santa Maria, Rio de Janeiro. 2. Ed. 1953. P.24.
3 Montfort. São Luís Maria. “O Segredo de Maria e o Método de rezar o Rosário. Editora Santa Maria, Rio de Janeiro. 2. Ed. 1953. P.21.

Nenhuma veneração, devoção, honra, louvor,  amor,  glória e exaltação que
fazemos a Maria, por maior que seja, é suficiente para desagravar o Imaculado
Coração de Maria, por todas as ofensas recebidas diariamente.
São  Luís  Maria Grignion de Montfort nos ensina:  ―Ainda não se louvou,
exaltou, amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais louvor,
respeito, amor e serviço ela merece.‖

Jesus revela a Irmã Lucia, no santíssimo, as 5 espécies de ofensas contra o
Imaculado Coração de Maria: ―Minha filha, o motivo é simples: São 5 as
espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de
Maria.

1°.As blasfêmias contra a Imaculada Conceição
2°. Contra Sua Virgindade
3°. Contra a maternidade divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-la como
Mãe dos homens.
4°. Os que procuram publicamente infundir nos corações das crianças, a
indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe.
5°.Os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens. Eis, minha filha,
o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta
pequena reparação; e, de atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão
para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti,
procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, Mover-Me à
misericórdia para com essas pobres almas.

Quando o anjo Gabriel venerou Maria com elogiosa e gloriosa saudação, Deus
Pai, resolveu enviar seu Filho Jesus ao ventre de Maria para que, por obra do
Espírito Santo, pudesse encarnar o Verbo Divino. Assim também, Deus espera
que primeiro veneremos Maria para que possamos receber Jesus em nosso coração. Quanto mais amamos Maria mais amamos a Jesus. Quanto mais
amamos a Jesus mais amamos Maria.

4 Montfort. São Luís de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Editora Vozes. 38. Ed.
2009.P.22
5 Irmã Lucia. O segredo de Fátima. Editora Loyola. 2002. P.169-170.

Assim como, a primeira Ave-Maria teve a presença de Maria para receber tão
honrosa saudação angélica do anjo, todos nós, somos chamados a continuar o
anuncio do anjo São Gabriel e rezar devotamente a Ave-Maria pedindo a
Nossa Senhora a Sua poderosa intercessão. Maria se faz presente em toda
Ave-Maria que rezamos, por isso, é importante rezarmos com carinho, atenção
e muita devoção, pois Nossa Senhora está nos vendo e ouvindo com atenção
cada Ave-Maria que pronunciamos.

Pela oração da Ave-Maria vamos ao Coração de Maria e conseguimos mais
facilmente a graça de conhecer Jesus, pois Maria ama tanto a Jesus que Ele
permanece sempre em seu coração.  Para Maria as palavras de Deus são
tesouros que guarda com muito carinho no seu Imaculado Coração.  “Maria
conservava todas  as palavras, meditando-as no seu coração.”(Lc 2, 19)
Meditando  o amor que Maria tem pela palavra de Deus podemos tirar duas
conclusões: A primeira é que, antes de Jesus encarnar-se no ventre de Maria,
por obra do Espírito Santo, era o Verbo. Portanto, o amor profundo a Jesus é
também o amor à palavra de Deus. Pois, antes de nascer do ventre de Maria,
Jesus era a própria palavra. A segunda conclusão é que, o amor de Maria é
perfeito, pois amou a Jesus em plenitude buscando ser fiel a palavra de Deus e
colocando em prática todos os ensinamentos de Deus. Por isso Jesus disse:
“Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a
observam!”(Lc 11, 28).  Maria ama Jesus com todo o seu coração e dá
testemunho de ser a Mãe de Jesus pelo exemplo de uma vida em pureza,
graça, santidade, amor, humildade, obediência e fé.

São Luís Maria Grignion de Montfort 6 nos ensina: ―Deus Pai ajuntou todas as
águas e denominou-as mar; reuniu todas as graças e chamou-as Maria. Este
grande Deus tem um tesouro, um depósito riquíssimo, onde encerrou tudo que
há de belo, brilhante, raro e precioso, até seu próprio Filho; e este tesouro imenso é Maria, que os anjos chamam o tesouro do Senhor, e de  cuja
plenitude os homens se enriquecem. Deus Filho comunicou a sua Mãe tudo
que adquiriu por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes
admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo que seu Pai lhe deu em herança; é por ela
que ele aplica seus méritos aos membros do corpo místico, que comunica suas
virtudes, e distribui suas graças;"
                                                         
6 Montfort. São Luís de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Editora Vozes. 38. Ed.
2009.P.30-31.

O Catecismo da Igreja Católica no ensina sobre esta linda oração que é o
próprio Deus por meio do seu anjo que saúda Maria:
2676. «Ave, Maria (alegrai-vos, Maria)». A saudação do anjo Gabriel abre esta
oração. É o próprio Deus que, por intermédio do seu anjo, saúda Maria. A
nossa oração ousa retomar a saudação a Maria com o olhar que Deus pôs na
sua humilde serva, alegrando-nos com a alegria que Ele n'Ela encontra.
A  Ave-Maria é uma oração angelical. Cada vez que a repetimos com amor
somos como anjos do céu que reconhecem em Maria a predileção Divina e se
submetem à Sua Majestosa Maternidade concedida por seu amado Filho Jesus
a João e toda humanidade no madeiro da cruz.(Jo 19, 26-27).
A Ave-Maria é a oração do Amor. Pela Ave-Maria o anjo Gabriel anunciou a
plenitude do amor e da misericórdia de Deus pela humanidade ao revelar que
Jesus, o Filho de Deus, seria concebido  no ventre de Maria,  por obra do
Espírito Santo, para que todos fossemos salvos.
O Anjo Gabriel anunciou a Maria: ―Eis que conceberás e darás à luz um filho, e
lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo,
e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na
casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1, 31-33)
O anúncio da vinda de Jesus traz à Maria uma grande alegria pela certeza de
que a promessa feita no antigo testamento (Miq 5, 2; Is 9,1; Is 7, 14) havia sido
realizada a partir do seu Sim. Maria deu o Sim a Jesus. Maria deu o Sim para a
salvação de toda a humanidade.

A Ave-Maria é a oração que nos concede a graça da poderosa intercessão de
Maria. O terço nos concede a graça de alcançarmos a virtude da perseverança
na oração. Cada vez que repetimos a Ave-Maria, com amor e paciência,
aumentamos o nosso fervor e perseverança na oração. O terço é a oração da
perseverança. Se tivermos perseverança no terço também teremos constância
nos bons projetos que realizarmos. O terço nos livra do vício da inconstância
da fé.

São Luís Maria Grignion de Montfort nos ensina que é necessário saber rezar
o terço para sermos eficazes na oração: ―É preciso que a pessoa que reza o
Rosário esteja em estado de graça, ou pelo menos na resolução de sair do seu
pecado, porque a Teologia nos ensina que as boas obras e as orações feitas
em pecado mortal são obras mortas, que não agradam a Deus nem podem
merecer a vida eterna.‖

Regras de São Luís Maria Grignion de Montfort para rezar o Rosário
:
1.Não é o prolongamento de uma oração que agrada a Deus e lhe conquista o
coração, mas o seu fervor. Uma só Ave-Maria bem rezada tem mais mérito do
que cento e cinqüenta mal rezadas.
2.Aconselhamos o Rosário a todas as pessoas: aos justos, para que
perseverem e cresçam na graça de Deus; e aos pecadores também, mas para
que saiam de seus pecados.
3. Não basta, para rezar bem, exprimir nossos pedidos pela excelente forma de
oração que é o Rosário, mas é preciso aplicar nisso uma grande atenção, pois
Deus ouve antes à voz do coração que à da boca.
                                                         
7 Montfort. São Luís Maria. “O Segredo de Maria e o Método de rezar o Rosário. Editora Santa Maria, Rio de Janeiro. 2. Ed. 1953. P.50.
8 Montfort. São Luís Maria. “O Segredo de Maria e o Método de rezar o Rosário. Editora Santa Maria, Rio de Janeiro. 2. Ed. 1953. P.50-61.

4.Pensai que vosso Anjo da Guarda está à vossa direita, colhendo as AveMarias que rezais, quando elas são bem rezadas, como se fossem rosas, para
com elas tecer uma coroa para Jesus e Maria;
5.Vosso Rosário é tanto melhor  quanto mais meritório for; ele é tanto mais
meritório quanto mais difícil for;
6.Invocai inicialmente o Espírito Santo para bem rezar o vosso Rosário, e
colocai-vos em seguida um momento na presença de Deus.
7.Antes de começas cada dezena, parai um pouco para considerar o mistério
que estais celebrando, e pedi sempre, pela intercessão de Maria Santíssima,
uma das virtudes que mais ressaltam naquele mistério ou da qual tendes mais
necessidade.
8.Uma pessoa que recita o terço sozinha tem somente o mérito de um terço;
mas, se o reza com trinta pessoas, tem o mérito de trinta terços.

Conselhos do Papa João Paulo II sobre o Rosário

1.Peço, pois, a todos aqueles que se dedicam à pastoral das famílias que
sugerirem com convicção a recitação do Rosário.  A família que reza unida,
permanece unida.
2.A família, que reza unida o Rosário, reproduz em certa medida o clima da
casa de Nazaré: põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e
sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projetos, e  d'Ele se
recebe a esperança e a força para o caminho.
3.O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na
simplicidade e na profundidade.
                                                         
9 CARTA APOSTÓLICA. ROSARIUM VIRGINIS MARIAE DO SUMO PONTÍFICE. JOÃO PAULO II. 16 de Outubro de 2002.

4.Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranqüilo e uma
certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos
mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d`Aquela que mais de
perto esteve em contato com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas
insondáveis riquezas.

Conselhos do Papa Leão XIII sobre o Rosário:

1.Outra fortíssima razão para contarmos com maior segurança com a generosa
bondade de Maria reside na própria natureza do Rosário, tão adequado para
nos fazer rezar bem. Pela sua fragilidade, o homem, durante a oração, muitas
vezes é levado a distrair-se do pensamento de Deus e a faltar ao seu louvável
propósito.

2. Ora, quem considera atentamente este fenômeno logo verá quão eficaz é o
Rosário não só para fazer aplicar a mente e para sacudir a preguiça da alma,
como também para excitar um salutar arrependimento das culpas, e,
finalmente, para elevar o espírito às coisas celestes. E isto porque, como é
bem sabido, o Rosário é composto de duas partes, distintas entre si, porém
inseparáveis: a meditação dos mistérios e a oração vocal.

3.Por conseqüência, este gênero de oração requer da parte do fiel uma
atenção particular que não só o faz elevar, de algum modo, a mente a Deus,
mas o leva também a refletir tão seriamente sobre as coisas propostas à sua
consideração e contemplação, que ele é induzido também a tirar delas estímulo
para uma vida melhor e alimento para toda forma de piedade. Realmente, não
há nada maior ou mais maravilhoso do que estas coisas, que são como que o
resumo da fé cristã, e que, com a sua luz e íntima força, têm sido fonte de
verdade, de justiça e de paz, e que assinalaram para o mundo uma nova
ordem de coisas, rica de frutos maravilhosos. 4. Porém a virtude que o Rosário
tem de inspirar a confiança em quem o reza, possui-a também em mover à
piedade para conosco o coração da Virgem. Quanto deve ser suave para ela o
ver-nos e o escutar-nos, enquanto entrelaçamos em coroa pedidos para nós
justíssimos e louvores para ela belíssimo! Assim rezando, nós desejamos e
tributamos a Deus a glória que lhe é devida; procuramos unicamente o
cumprimento dos seus acenos e da sua vontade; exaltamos a sua bondade e a
sua munificência, chamando-lhe Pai e pedindo-lhe, embora indignos deles, os
dons mais preciosos. Com tudo isto Maria exulta imensamente, e, pela nossa
piedade, de coração "magnifica o Senhor". Porque, quando nos dirigimos a
Deus pela oração dominical, nós o suplicamos mediante uma oração digna
d'Ele. São Tomás de Aquino nos ensina que: ―A bem-aventurada Virgem
ultrapassou todos os Anjos por sua plenitude de graça, e para manifestar esta
preeminência o Arcanjo Gabriel inclinou-se diante dela, dizendo: cheia de
graça; o que quer dizer: a vós venero, porque me ultrapassais por vossa
plenitude de graça.‖
                                                         
10 Carta Encíclica Iucunda Semper Expectatione de Sua Santidade Papa Leão XIII.

São Tomás de Aquino  continua: ―Diz-se também da Bem-aventurada Virgem
que é cheia de graça em três perspectivas:  Primeiro, sua alma possui a
plenitude da graça...Em segundo lugar, a plenitude de graça da Virgem
Santa se manifesta no reflexo da graça de sua alma, sobre sua carne e
seu corpo. Já é uma grande felicidade que os santos gozem de graça
suficiente, para a santificação de suas almas. Mas a alma da Bem-Aventurada
virgem Maria possui uma tal plenitude de graça, que esta graça de sua alma
reflete sobre sua carne, que por sua vez, concebe o Filho de Deus...Em
terceiro lugar, a Bem-aventurada Virgem é cheia de graça, a ponto de
espalhar sua plenitude de graça sobre todos os homens. "Por estas e
outras muitas razões e autoridades, é evidente que a bem-aventurada Mãe de
Deus foi assunta ao céu em corpo e alma sobre os coros dos anjos. E cremos
que isto é absolutamente verdadeiro".(S. Alberto Magno, Mariale sive
quaestiones super Evang. "Missus est", q. 132).

11 Fonte: Pai Nosso e Ave Maria - Sermões de Santo Tomás de Aquino. Editora Permanência,
Rio de Janeiro, 2003.

Oração da Ave-Maria no Catecismo da Igreja Católica

2676.  Este duplo movimento de oração a Maria encontrou uma expressão
privilegiada na oração da «Ave-Maria»:
«Ave, Maria (alegrai-vos, Maria)». A saudação do anjo Gabriel abre esta
oração. É o próprio Deus que, por intermédio do seu anjo, saúda Maria. A
nossa oração ousa retomar a saudação a Maria com o olhar que Deus pôs na
sua humilde serva (24), alegrando-nos com a alegria que Ele n'Ela encontra
(25).

«Cheia de graça, o Senhor é convosco».  As duas palavras da saudação do
anjo esclarecem-se mutuamente. Maria é cheia de graça, porque o Senhor está
com Ela. A graça de que Ela é cumulada é a presença d'Aquele que é a fonte
de toda a graça. «Solta brados de alegria [...] filha de Jerusalém [...]; o Senhor
teu Deus está no meio de ti» (Sf 3, 14. 17a). Maria, em quem o próprio Senhor
vem habitar, é em pessoa a filha de Sião, a arca da aliança, o lugar onde reside
a glória do Senhor: é «a morada de Deus com os homens» (Ap 21, 3). «Cheia
de graça», Ela dá-se toda Aquele que n'Ela vem habitar e que Ela vai dar ao
mundo.
«Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre,
Jesus». Depois da saudação do anjo, fazemos nossa a de Isabel. «Cheia [...]
do Espírito Santo»  (Lc  1, 41), Isabel é a primeira, na longa sequência das
gerações, a declarar Maria bem-aventurada: «Feliz d'Aquela que acreditou...»
(Lc  1, 45); Maria é «bendita entre as mulheres», porque acreditou no
cumprimento da Palavra do Senhor. Abraão, pela sua fé, tornou-se uma
bênção «para todas as nações da terra» (Gn 12, 3). Pela sua fé, Maria tornouse a mãe dos crentes, graças a quem todas as nações da terra recebem
Aquele que é a própria bênção de Deus: Jesus, «fruto bendito do vosso
ventre».

2677. «Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós...». Com Isabel, também nós
ficamos maravilhados: «E de onde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»  (Lc  1, 43). Porque nos dá Jesus, seu Filho, Maria é Mãe de
Deus e nossa Mãe; podemos confiar-lhe todas as nossas preocupações e
pedidos: Ela ora por nós como orou por si própria: «Faça-se em Mim segundo
a tua palavra» (Lc 1, 38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com
Ela à vontade de Deus: «Seja feita a vossa vontade».

«Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte». Pedindo a Maria
que rogue por nós, reconhecemo-nos pobres pecadores e recorremos à «Mãe
de misericórdia», à «Santíssima». Confiamo-nos a Ela «agora», no hoje das
nossas vidas. E a nossa confiança alarga-se para lhe confiar, desde agora, «a
hora da nossa morte». Que Ela esteja então presente como na morte do seu
Filho na cruz e que, na hora do nosso passamento, Ela nos acolha como nossa
Mãe, para nos levar ao seu Filho Jesus, no Paraíso.
2678. A piedade medieval do Ocidente propagou a oração do rosário como
substituto popular da Liturgia das Horas. No Oriente, a forma litânica do
akáthistos  e da paráclêsis  ficou mais próxima do ofício coral nas Igrejas
bizantinas, ao passo que as tradições arménia, copta e siríaca preferiram os
hinos e cânticos populares à Mãe de Deus. Mas, na Ave-Maria, nas theotokía,
nos hinos de Santo Efrém ou de São Gregório de Narek, a tradição da oração é
fundamentalmente a mesma.
2679. Maria é a orante perfeita, figura da Igreja. Quando Lhe oramos, aderimos
com Ela ao desígnio do Pai, que envia o seu Filho para salvar todos os
homens. Como o discípulo amado, nós acolhemos em nossa casa a Mãe de
Jesus que se tornou Mãe de todos os viventes. Podemos orar com Ela e orarLhe a Ela. A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria.
Está-lhe unida na esperança.
Cheia de Graça

Maria é Cheia de Graça, pois recebeu a infinita graça de acolher em seu ventre
o Seu Amado Filho Jesus. Através de Maria todas as graças são comunicadas
para a humanidade. A intercessão de Maria é poderosa e traz a certeza da
salvação a quem a venera devotamente como sendo sua amada mãe.
A qualidade ―Cheia de Graça‖ também pode ser entendida pelas inúmeras
graças e honras que Nossa Senhora recebeu de Deus-Pai. Maria tem a graça
de ser co-redentora da salvação da humanidade.

Ensinamentos do Vaticano sobre a Co-redenção

Por obra do Espírito Santo, Maria concebeu o seu Filho divino e, por este
Amor, Maria associa-se no Calvário como co-Redentora do Salvador. Graças à
sua máxima pertença materna a Cristo, recebe aos pés da cruz a maternidade
do Corpo místico. Cristo sofre na cruz todas as dores padecidas pela sua
Santíssima Mãe. E Ela sofre em Cristo todas as suas dores. Por isso,
interiormente, do íntimo do seu coração materno, padece também connosco,
tem compaixão de toda a humanidade e está maternalmente unida a nós nas
nossas dores e aflições com toda a ternura que somente Ela pode ter. E Nossa
Senhora difunde esta ternura em nós na medida e intensidade dos nossos
sofrimentos (cf. Salvifici doloris, 25-26).

Na Eucaristia encontramos o próprio Corpo de Cristo, que nos é entregue por
Maria. Encontramos aquele Corpo que, como afirmamos, a enche de dor e
amargura, de júbilo e alegria; é por isso que a aclamamos como nossa Mãe
dolorosa, Mãe da santa Esperança e Mãe da santa Alegria.
                                                         
12 http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/hlthwork/documents/rc_pc_hlth
work_doc_20080211_giorno-del-malato_po.html

O amor "eucarístico" por Maria faz com que o nosso "sim" não se feche numa
mera individualidade mas inclua todas as dores e sofrimentos. O sofrimento de
Cristo visa  anular as dores. Depois de tudo aquilo que se disse acerca do
sofrimento, poder-se-ia cair no equívoco de exaltar a dor em si mesma. O
sofrimento tem valor porque a morte de Cristo comporta, inseparavelmente, a
sua ressurreição. Em síntese, a dor é válida enquanto tiver em vista destruir o
sofrimento. Assim o sofrimento, entendido em chave cristã, impele-nos a lutar
contra o sofrimento nesta vida, como uma antecipação da ressurreição (cf. Jo
3, 16).

Por isso a Eucaristia, como participação no sofrimento de Cristo, leva-nos a
curar os nossos irmãos enfermos. Obriga-nos a ser, como o Papa diz na sua
Mensagem, "pão repartido" para os nossos irmãos. Esta é a lógica cristã do
"bom Samaritano" e do Juízo final, no qual seremos julgados se encontramos
Cristo sofredor em cada doente, se O visitamos e se O curamos. Assim, na
Salvifici doloris o Papa João Paulo II escreve: "Juntamente com Maria, Mãe de
Cristo, que estava de pé junto da Cruz, detemo-nos ao lado de todas as cruzes
do homem de hoje" (n. 31). Trata-se de compartilhar a alegria da ressurreição,
derrotando a morte na sua  apresentação diária através da doença. Aqui
encontramos o motor que nos impele a lutar contra todas as enfermidades,
para buscar a saúde de todos. Daqui nasce a obrigação de avançar sempre
nos campos da arte e da ciência médica, progredindo nas suas extraordinárias
conquistas contemporâneas.

Ensinamentos do Papa Leão XIII:

De fato, a Virgem Imaculada, escolhida para ser Mãe de Deus, e por isto
mesmo feita Co-Redentora do gênero humano, goza junto a seu Filho de um
poder e de uma graça tão grande, que nenhuma criatura, nem humana nem
angélica, jamais pôde nem jamais poderá atingir uma maior. E, visto como a
alegria mais grata para ela é a de ajudar e consolar todo fiel em particular que
invoque o seu socorro, não pode haver dúvida de que ela muito mais
prazeirosamente deseje acolher, antes, que exulte em acolher, os votos da
Igreja toda.(Carta Encíclica Supremi Apostolatus Officio. Papa Leão XIII).

Maria é Cheia de Graça:
Maria é a mediadora de todas as graças.
Maria é cheia de graça porque Deus a escolheu entre todas as mulheres para
ser a mãe de Jesus e cooperar no Seu plano de salvação da humanidade.
(Lucas 1, 46-55)
Maria tem a graça de ser Imaculada, sem pecado original, desde a sua
concepção e, assim, permanecer por toda a sua vida.
Tem a graça de ser a mãe de Deus. (Lucas 1, 43)
Tem a graça de estar na primeira adoração. (Mateus 2, 11)
Tem a graça de cuidar do menino Jesus. (Lucas 2, 21-52)
Tem a graça de ser Bem-Aventurada e encontrar graça diante de Deus. (Lucas
1, 30)
Tem a graça de receber a veneração e louvor do anjo Gabriel. (Lucas 1, 28)
Tem a graça de receber José como seu castíssimo esposo. Tem a graça de ser
a Diletíssima esposa do Espírito Santo na encarnação do Filho Jesus. (Mateus
1, 24-25)
Tem a graça de ter educado Jesus. (Lucas 2, 21-52)
Tem a graça de ser prima de Isabel(a qual foi escolhida e agraciada pelo
milagre de conceber João Batista na sua velhice). (Lucas 1, 36-37)
Tem a graça de ser declarada bendita entre todas as mulheres e todas as
gerações. (Lucas 1, 42)
Tem a graça de ser amada infinitamente por Jesus.
Tem a graça de participar como intercessora junto a Jesus no seu primeiro
milagre em Caná. (João 2, 1-12)
Tem a graça de receber o Espírito Santo juntamente com os discípulos em
Pentecostes. (Atos 2, 1-4)
Tem a graça de ser a Rainha dos anjos e santos do céu.
Tem a graça de ser Imaculada;
Tem a graça de ser assunta ao céu.

Tem a graça de ser Rainha dos discípulos. Tem a graça de ser a Rainha dos
profetas.  Tem a graça de ser mãe de toda a humanidade e a nossa mais
poderosa intercessora no Reino dos céus.
Maria é Cheia de Graça. Maria é humilde.  Maria é mansa e humilde de
coração. A saudação que enaltece Maria é recebida por ela com profunda
humildade ao reconhecer:  “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se  em mim
segundo a tua palavra.”(Lc 1, 38).
O Papa João Paulo II na Carta Apostólica Mulieris Dignitatem
13 nos ensina:

―Quando Maria responde às palavras do mensageiro celeste com o seu « fiat »,
a « cheia de graça » sente necessidade de exprimir a sua relação pessoal, a
respeito do dom que lhe foi revelado, dizendo: « Eis a serva do Senhor » (Lc 1,
38). Esta frase não pode ser privada nem diminuída do seu sentido profundo,
tirando-a artificialmente de todo o contexto do evento e de todo o conteúdo da
verdade revelada sobre Deus e sobre o homem. Na expressão « serva do
Senhor » transparece toda a consciência de Maria de ser criatura em relação a
Deus. Todavia, a palavra « serva », quase no fim do diálogo da Anunciação, se
inscreve na perspectiva integral da história da Mãe e do Filho. Na verdade, este
Filho, que é verdadeiro e consubstancial « Filho do Altíssimo », dirá muitas
vezes de si, especialmente no momento culminante de sua missão: « o Filho
do homem ... não veio para ser servido, mas para servir » (Mc 10, 45).‖
―O arcanjo chamou a Virgem cheia de graça; porque, enquanto que aos outros
santos a graça é concedida com limites, sobre Maria foi derramada em sua
plenitude.‖ (Glórias de Maria, p.264)  

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